
Um vídeo gravado por pescadores no último domingo, 8, na região do Pontão, próximo ao município de Araguanã, norte do Tocantins, escancarou mais um caso de pesca predatória nos rios tocantinenses. As imagens mostram um boto vivo e ferido, preso a uma armadilha ilegal do tipo malhadeira, instalada no leito do rio Araguaia. Ao lado dele, aparecem também dois exemplares de pirarara – peixe nativo da região amazônica e bastante visado por pescadores – igualmente capturados de forma irregular.
“Achei uma malhadeira aqui, tem dois pirararas grandes e um boto amarrado. Isso é um crime!”, protesta o homem que registrava a cena, visivelmente indignado com a situação. Um segundo ocupante da embarcação completa: “Aqui ele iria acabar morrendo.” O flagrante gerou revolta entre ambientalistas, pescadores legais e moradores da região, e reacendeu a cobrança por uma atuação mais enérgica por parte das autoridades ambientais.
Boto é símbolo da fauna brasileira e protegido por lei
O boto, espécie protegida pela legislação ambiental brasileira, é considerado um ícone dos rios da Amazônia e do Araguaia-Tocantins. O uso de malhadeiras — redes com malha fina que aprisionam indiscriminadamente peixes e outros animais — é proibido em diversos trechos de rios do estado, especialmente durante períodos de piracema ou estiagem, quando a vulnerabilidade das espécies aumenta.
Segundo especialistas, o tipo de armadilha flagrado no vídeo configura uma prática de pesca predatória, vedada pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que prevê penas de detenção e multa para quem captura ou maltrata animais silvestres, além de sanções administrativas e apreensão de equipamentos.
População cobra ações do Naturatins e Ibama
Moradores, defensores da fauna e pescadores que atuam legalmente na região cobram fiscalização mais ostensiva por parte do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e demais autoridades competentes.
A área do Pontão, conhecida pela biodiversidade e pelo turismo de pesca esportiva, tem sido alvo constante de denúncias relacionadas a crimes ambientais. Apesar disso, os flagrantes se multiplicam ano após ano, com registros de malhadeiras, pesca com redes proibidas, uso de explosivos e captura de espécies em risco.