Suspeita de fazer empréstimo de R$ 17 mil no nome da mãe procurou a polícia para denunciar irmãos por abandono, diz delegado
Ao fazer a denúncia, filha não contou que tinha usado nome da mãe para pegar dinheiro no banco. Segundo a polícia, ela fez o empréstimo sob a justificativa de custear uma cirurgia, mas acabou usando o dinheiro para pagar o casamento e comprar um carro.
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Uma filha de 38 anos fez um empréstimo de R$ 17 mil em nome da mãe idosa, usando a aposentadoria dela, em 2021.
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O caso foi descoberto depois que a própria suspeita procurou a polícia para denunciar os irmãos por abandono material.
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Os outros cinco filhos da idosa haviam deixado de dar assistência à mãe para punir a irmã por conta do uso indevido do dinheiro.
Polícia Civil do Tocantins — Foto: Luiz de Castro/Governo do Tocantins
O caso da filha que fez um empréstimo de R$ 17 mil em nome da mãe idosa foi descoberto depois que a própria suspeita procurou a polícia para denunciar os irmãos por abandono material. Durante as investigações, os policiais descobriram que os outros cinco filhos da idosa haviam deixado de dar assistência à mãe para punir a irmã por conta do uso indevido do dinheiro.
“Como a irmã havia feito o empréstimo e gastado o dinheiro, havendo o desconto na aposentadoria [da idosa], eles decidiram que ela [irmã] ficaria com a mãe e utilizaria a aposentadoria com o desconto para mantê-la. Diante das dificuldades, a filha mais nova procurou a polícia para registrar um B.O. contra esse abandono dos irmãos, mas sem contar a história do empréstimo, que foi descoberta depois”, contou o delegado José Lucas Melo.
O empréstimo consignado foi feito pela filha de 38 anos, usando a aposentadoria da mãe em 2021. O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil em setembro de 2025, após ela procurar a polícia.
Os nomes dos filhos não foram divulgados, por isso o g1 não conseguiu contato com a defesa deles.
O delegado informou ao g1 que toda a família sabia do empréstimo solicitado pela irmã de 38 anos. Inicialmente, ela alegou que precisaria do valor para pagar uma cirurgia, mas, posteriormente, esse procedimento teria sido cancelado pelo médico.
“A filha mais nova disse que precisaria para fazer um procedimento cirúrgico, uma questão de saúde. Depois que o empréstimo foi feito, que ela recebeu os valores, foi quando ela falou para o resto da família que o médico havia mudado de opinião, não seria mais necessário fazer a cirurgia. Como ela já estava com dinheiro e ia casar, resolveu usar o dinheiro para bancar o casamento, comprar um carro, pagar a lua de mel, usar os valores para gastos pessoais”, explicou o delegado.
Por causa do uso indevido do dinheiro, os outros irmãos decidiram, em comum acordo, deixar a mãe sob os cuidados da irmã que fez o empréstimo.
Segundo o delegado, eles também decidiram que não ofereceriam qualquer tipo de apoio à mãe até que a irmã terminasse de pagar as parcelas do consignado.
Pena de até quatro anos de prisão
Durante a investigação, a polícia identificou que a mãe estava em situação de vulnerabilidade social em razão da escassez de recursos financeiros. O inquérito do caso foi finalizado pela Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para as providências cabíveis.
Conforme o delegado, a filha que fez o empréstimo pode cumprir pena de até quatro anos de prisão pelo crime de apropriação previsto no Estatuto do Idoso. Os outros cinco filhos foram indiciados pelo crime de abandono material, que também prevê pena de um a quatro anos de prisão, conforme o Código Penal.
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