A assessoria de Wanderlei Barbosa afirmou, em nota, que ele recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal enquanto espera julgamento de recurso no Supremo Tribunal Federal e “ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições” (veja íntegra da nota abaixo).
A primeira-dama afirmou que repele as acusações infundadas de tentativa de embaraço às investigações e reiterou sua disposição em colaborar com a Justiça (veja nota completa abaixo).
Conforme a nova decisão, do ministro Mauro Campbell, Wanderlei, com ajuda da família e aliados, teria tomado conhecimento de que ele seria alvo das ordens judiciais no dia 3 de setembro e retirou da casa da sogra, em Palmas, documentos, equipamentos eletrônicos e, possivelmente, dinheiro. Para a movimentação, foram usados veículos oficiais e o trabalho de policiais militares.
Com a denúncia, policiais federais foram até o endereço para apurar e registraram diversas imagens da movimentação. O próprio Wanderlei estaria orientando e coordenando o transporte de caixas, malas, bolsas e mochilas, no mesmo momento em que o STJ deliberava sobre o afastamento.
Além disso, no momento do esvaziamento da casa da sogra de Wanderlei, também havia pessoas que, segundo a PF, teriam sido alvos de busca e apreensão momentos antes. O ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, Thomas Jefferson Gonçalves, é investigado por supostamente alertar o governador afastado sobre a Operação Fames-19 horas antes do cumprimento dos mandados e afastamento.
A defesa de Thomas Jefferson informou que o ex-secretário “nunca trabalhou para causar qualquer embaraço às investigações” e que sua atuação com o governador se deu apenas como secretário de Estado (veja nota completa abaixo).
Movimentação registrada pela PF na frente de casa da sogra de Wanderlei Barbosa — Foto: Arte g1/Reprodução/Decisão STJ
Pela presença de policiais militares à paisana, a equipe de policiais federais decidiu não realizar a abordagem, optando por realizar o acompanhamento dos veículos oficiais para identificar onde os objetos seriam levados. Entretanto, isso não foi possível porque os veículos realizaram manobras evasivas para se dispersarem, segundo a decisão.
Ao consultar os dados dos veículos, a PF descobriu que eles eram locados pelo Governo do Tocantins. A empresa responsável foi procurada e informou que dois veículos não tinham rastreador “visto que não houve a liberação para instalação dos equipamentos por parte da contratante”. Outros dois estavam com falha no sistema. Por isso, não foi possível identificar o destino deles com os objetos retirados da casa da sogra de Wanderlei.
Saída às pressas
Celular resetado e comida sobre a mesa foram encontradas na casa do governador — Foto: Arte g1
A decisão traz que no cumprimento dos mandados na casa do governador afastado, havia sinais de que os moradores deixaram o local às pressas. Os policiais encontraram as luzes acesas em um dos quartos e uma televisão ligada. O aparelho celular, segundo a polícia, apresentava sinais de ter sido “resetado”, com o sistema restaurado para as configurações de fábrica.
Os policiais militares que faziam a segurança do governador deram versões conflitantes sobre o paradeiro de Wanderlei e da primeira-dama. O casal só foi encontrado horas depois na Fazenda Santa Helena, em Aparecida do Rio Negro (TO).
Os federais que estiveram na casa da sogra identificaram que ele passou por lá. Os indícios seriam os registros fotográficos da presença de aliados e até uma bengala usada pelo político, já que dias antes ele havia se machucado.
Outro indício seria um vídeo publicado nas redes sociais por Wanderlei no mesmo dia do afastamento, se defendendo da situação. Objetos que estavam no imóvel aparecem na filmagem.
“De maneira curiosa, outros proprietários formais de diversos veículos e imóveis concretamente utilizados pela família do governador […] foram observados no momento do esvaziamento do imóvel […], supostamente pertencente à sogra do governador”, diz trecho da decisão.
Operação Nêmesis
Agentes da PF durante cumprimento de mandado de busca na Operação Nêmeses — Foto: Polícia Federal/Divulgação
Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou Wanderlei Barbosa no início de setembro, pelo prazo de 180 dias. A primeira-dama Karynne Sotero Campos, que era secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada. Os dois negam participação nos fatos investigados.
A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. Isso causou embaraço às investigações, que ainda se encontram em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ.
Afastamento de Wanderlei Barbosa
A Polícia Federal investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa
Na época, Wanderlei seria o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a PF, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios através de contratações ilícitas.
As investigações apontam que Karynne teria intermediado as contratações, atuado na organização da parte documental, no cumprimento dos requisitos necessários ao recebimento de recursos públicos, e tomou ciência da distribuição das vantagens indevidas previamente combinadas.
Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
O Governador Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal ao mesmo tempo que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo.
Ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições.
Íntegra da nota de Karynne Sotero
A primeira-dama Karynne Sotero repele as acusações infundadas de tentativa de embaraço às investigações feitas de forma anônima à Justiça.
Também lamenta a tentativa de intimidação contra seus familiares, inclusive a sua mãe, uma senhora de mais de 75 anos que acabou passando mal e tendo que ser hospitalizada.
Por fim, reitera a sua inteira disposição de colaborar com a Justiça para o esclarecimento dos fatos.
Íntegra da nota de Thomas Jefferson
O advogado e ex-secretário de Participações e Investimentos Thomas Jefferson comunica que nunca trabalhou para causar qualquer embaraço às investigações. Sua atuação junto ao governador Wanderlei Barbosa se deu na condição de secretário de estado, sendo absurdas as tentativas de criminalizar a sua atividade laboral.

