
O perfil dos cardeais favoritos ao cargo de papa é variado: tem conservador, progressista e aquele com visões mistas. No Instagram, alguns são mais populares, como Robert Sarah, da Guiné, que tem quase 20 mil seguidores; outros são mais contidos, com menos de 1.000 seguidores e publicações que datam de 2017, no caso de Peter Turkson, de Gana.
A seguir, veja quem são os candidatos com conta na rede social e estão entre os cotados para comandar a Igreja Católica.
Robert Sarah

Aos 79 anos, tem pensamento ortodoxo e conservador. Ele nasceu na Guiné e ocupa atualmente o cargo de Prefeito Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no Vaticano.
Popular nas redes sociais. Sarah tem 190 mil seguidores no X (antigo Twitter), 98 mil seguidores no Facebook, além de dezenas de páginas dedicadas a ele criadas por apoiadores. No Instagram, soma 17 mil seguidores e mais de 340 publicações, mas segue apenas 47 perfis.
“Anti-woke” e favorito da extrema direita. O cardeal ganhou apoio ao redor do mundo ao defender que a Igreja retorne aos seus princípios, evitando o “secularismo ocidental”. Por isso, Sarah foi um grande opositor das reformas promovidas pelo papa Francisco.
O que o nazifascismo e o comunismo eram no século 20, as ideologias ocidentais homossexuais e o fanatismo islâmico são hoje.
Robert Sarah, ao New York Times, em 2014
Matteo Zuppi

O arcebispo de Bologna tem 69 anos. O italiano foi indicado ao cargo pelo papa Francisco, em 2015, que também o nomeou para ser cardeal, em 2019. Hoje, também ocupa o cargo de chefe da Comissão Episcopal Italiana.
Bike da fé. Das 29 publicações no Instagram, duas são do cardeal com uma bicicleta. “Cada pedalada é um passo em direção à esperança, pois com fé a caminhada fica menos pesada”, escreveu. “A vida é uma jornada que, como uma bicicleta, só avança quando pedalamos com fé e esperança”, afirmou em outro post para seus mais de 5,7 mil seguidores.
Zuppi pertence à ala progressiva no Vaticano. Ele vê como necessárias as reformas na Igreja Católica, promovendo democratização e revisão de medidas milenares, como a de que divorciados não podem comungar. Disse mesmo que a fé em Deus não é sempre necessária para a salvação, e que há “atos notáveis de altruísmo” entre os que não acreditam. Ele aprova relações homoafetivas e já realizou rezas multirreligiosas.
Fridolin Ambongo Besungu

Arcebispo de Kinshasa tem 65 anos. Nascido na República Democrática do Congo, Besungu foi nomeado cardeal em 2019 pelo papa Francisco, e apontado como membro do Conselho de Cardeais no ano seguinte. Atualmente, também é presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar.
Perfil menos popular nas redes. Ele compartilha seu trabalho e mensagens no Instagram para 536 seguidores, onde soma 145 publicações e segue sete contas.
Envolvimento em política. Besungu se descreve como um “sentinela”, mantendo posição crítica contra o atual governo da República Democrática do Congo. No início do ano passado, ele foi acusado de “comportamento sedicioso que leva a atos criminosos” por um promotor público após criticar a atuação do governo sobre a segurança do país e a posição do Poder Judiciário sob uma suposta má gestão de fundos do executivo. O processo foi derrubado no mês seguinte.
Papável possui visões liberais e conservadoras. Enquanto rejeita a benção a casais homossexuais e a opção pelo celibato para padres, defende maior democratização da Igreja e preocupação da instituição com as mudanças climáticas.
Jean-Marc Aveline

Aveline, 66, é arcebispo de Marselha, na França. Ele nasceu em uma família francesa na Argélia, então colônia do país europeu. Com 4 anos de idade, teve de deixar o país natal depois que este ganhou independência da França, em 1962. Ele afirma que essa experiência o fez mais consciente sobre imigrantes e exilados.
Sem interação nas redes. Embora tenha uma conta no Instagram com 235 seguidores e siga 392 perfis, não há publicações.
Diretor de uma comunidade com relatos de abusos. O argelino é há muito tempo o diretor espiritual da comunidade Emmanuel, fundada em 1972, na qual abusos têm sido repetidamente relatados.
Peter Turkson

Aos 76 anos, ele é o carismático pacificador de Gana. Foi arcebispo de Cape Coast, em Gana, e mudou-se para Roma em 2009, onde se tornou presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz. “Há alguma semelhança entre a personalidade do [falecido] papa e a do cardeal Turkson”, diz a freira Jacinta Tuoniba, de Tamale, norte de Gana, à Deutsche Welle. “As virtudes da humildade, simplicidade, compaixão, amor pelos pobres e necessitados e, especialmente, compaixão pela Terra”.
Perfil com pouco movimento. No Instagram, tem três publicações, todas de agosto de 2017, com 676 seguidores. Ele segue 141 contas,
Turkson nasceu em uma família humilde de dez crianças e foi o primeiro clérigo de Gana a virar cardeal, em 2003. Em 2008, ele atuou como mediador em um conselho de paz depois de eleições disputadas que ameaçavam desencadear um cenário de violência. Ele também desempenhou funções de alto escalão na burocracia do Vaticano.
Recentemente, mostrou um tom mais moderado na questão dos direitos LGBTQIA+. O ganês criticou os políticos do país que afirmaram que as relações entre pessoas do mesmo sexo não eram nativas da África. Em 2023, Turkson também defendeu na rede britânica BBC que “as pessoas LGBTQIA+ não devem ser criminalizadas porque não cometeram nenhum crime”.
Primeiro dia de conclave
O processo para escolher o novo papa começou ontem. Pietro Parolin é o cardeal mais cotado para liderara a Igreja Católica, segundo o Polymarket, uma das principais plataformas de apostas online do mundo.
Ao fim do primeiro dia de votação, ele tinha 28% de chance de ocupar o cargo. Confira os principais nomes apontados pela plataforma:
- Pietro Parolin: 28%
- Luis Antonio Tagle: 20%
- Pierbattista Pizzaballa: 9%
- Matteo Zuppi: 9%
- Peter Turkson: 7%