O animal foi descoberto no dia 7 de fevereiro de 2025, na casa da Luiza Coelha da Cruz Aguiar, de 60 anos, durante a verificação de uma suspeita de infiltração. A moradora disse na época que acreditava que o animal estava no local desde a última reforma, que aconteceu 10 anos antes.
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informou que o jabuti passou por avaliação da equipe técnica e recebeu todos os cuidados necessários durante o período de reabilitação, inclusive da reparação no casco.
Jabuti em Centro de Fauna após ser resgatado em Itacajá — Foto: Reprodução/Naturatins
Em julho deste ano, após cinco meses de reabilitação, a coordenadora do Cefau, Mayumi Caetano Matuoca, explicou que havia a possibilidade do jabuti voltar à natureza. Mas foi preciso readaptar a dieta dele.
A equipe também teve receio com a questão da luminosidade, mas ele também se adaptou. Com relação à socialização, apresentou comportamento esperado para um jabuti.
A soltura aconteceu no mês de setembro deste ano, em um ambiente adequado para que ele tenha condições de garantir sua sobrevivência, juntamente com outros animais da mesma espécie, conforme Mayumi. O local não foi informado pelo Naturatins.
“Depois que ele saiu da quarentena, ele foi para o recinto junto com outros jabutis, que já estavam em preparação também para a soltura então eles tiveram um comportamento normal da espécie. Ele ficou junto, interagiu com os outros jabutis da forma que o jabuti interage e daí esperamos o tempo ideal. Como ele estava se alimentando normal, ganhando peso e já tinha feito a junção com o grupo de jabutis, a gente fez a soltura do grupo junto”, explicou.
A coordenadora lembrou que o Cefau é um local de triagem e reabilitação de animais e, por isso, o intuito é dar os cuidados até os animais apresentarem condições de voltarem a habitar a natureza.
“Quando o animal está bem de saúde, está dentro do comportamento normal da espécie, a nossa preferência sempre é soltar para que ele tenha uma vida livre igual aos outros animais. A recuperação do casco dele não afeta a possibilidade dele viver solto, por isso que ele foi solto”, comentou.
Jabuti passou por exames no Cefau, em Palmas — Foto: Divulgação/Naturatins
Relembre
Naquele momento, eles perceberam que, na verdade, se tratava de um jabuti que estava soterrado. Eles suspeitam que o animal chegou ao local em um carregamento de terra, na última reforma realizada na casa, há cerca de dez anos.
Antes do Naturatins buscar o animal, ele ficou em um banheiro reservado. Devido ao tempo que passou embaixo do piso, o jabuti apresentou sensibilidade à luz, o que foi superado com o tratamento no Cefau.
Segundo o biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho, em entrevista ao g1, o animal é da classe dos répteis e onívoro, ou seja, come tanto animais quanto vegetais, o que facilitou a adaptação. O jabuti possui um metabolismo lento e, por causa disso, pode ter sobrevivido por tanto tempo embaixo do piso.
Outro fator que pode ter contribuído para a sobrevivência dele foi a estivação, quando o réptil reduz a atividade metabólica durante períodos de calor e seca. Dessa forma, ele economiza energia, se protege da desidratação e pode entrar em estado de dormência.
Quando foi levado ao Cefau, os especialistas identificaram ainda que o jabuti media 35 centímetros de comprimento por 29 de largura e pesava quase três quilos. Apesar das condições em que ele foi encontrado, o tamanho é adequado, mas havia uma deformidade no casco, que necessitou de restauração realizada em parceria com a UniCatólica.

Jabuti resgatado vivo embaixo de piso recebe cuidados e deve ficar de quarentena

