Por sua vez, o Hamas nega contestar qualquer ponto do compromisso : “As acusações de Netanyahu de que o movimento está voltando atrás em pontos do acordo de cessar-fogo não têm base”, disse Sami Abou Zouhri, um líder do movimento islâmico palestino. Israel “está criando tensões do nada em um momento crucial e […] apelamos às administrações dos Estados Unidos para forçar a implementação do acordo.”
O primeiro-ministro israelense devia ter convocado o gabinete de segurança nesta quinta-feira para validar o acordo anunciado ontem. Por enquanto, esta reunião está cancelada.
“Essa é a desvantagem da negociação indireta”, confidenciou uma fonte diplomática israelense. “Nós só conversamos com o Hamas por meio de mediadores e, quando pontos do acordo são questionados, leva tempo para reavaliar a situação”, continuou a mesma fonte.
Benjamin Netanyahu está entre a cruz e a espada. Por um lado, Donald Trump, o presidente eleito dos EUA, está forçando-o a interromper os combates em Gaza para permitir o retorno dos reféns israelenses. Por outro lado, seus ministros de extrema direita, contrários a esse acordo, ameaçam derrubar o seu governo se ele assinar esse cessar-fogo, considerado por eles como sinônimo de “capitulação”.
Benjamin Netanyahu ‘Cria Agitação’
O acordo prevê uma trégua após mais de 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas. O texto também prevê a libertação de pelo menos mil detidos palestinos, incluindo prisioneiros de alta segurança. Isso é inaceitável para os apoiadores da extrema direita, que também recusam a retirada das tropas israelenses de Gaza. Para eles, o ano de 2025 seria sinônimo da anexação do enclave palestino, ou mesmo da Cisjordânia. Seus planos foram frustrados, acreditam. Porém, esses grupos têm meios de pressionar o primeiro-ministro. Benjamin Netanyahu está “criando agitação”, disse outra fonte israelense, para quem o premiê tenta sair do impasse em que se encontra.