
O futuro da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) é delicado, e ela deve ficar sem espaço na política, após o atrito público que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), avaliou a professora e antropóloga Isabella Kalil no UOL News, do Canal UOL.
A combinação disso tudo [Zambelli ameaçar homem com arma em punho, e Roberto Jefferson atirar contra policiais, às vésperas das eleições] teve um impacto na derrota de Bolsonaro. Agora, atribuir apenas a Carla Zambelli é demais.
O destino político de Zambelli é delicado porque ela é vista como traidora da direita. Então, vai ficar muito difícil de ela conseguir os votos de quem cai nessa narrativa do Bolsonaro, de que ela só perdeu o processo eleitora por causa dela. Então, o futuro dela… eu acho que ela vai ficar sem lugar na política por não ter mais esse apoio. Antropóloga Isabella Kalil
Na segunda, Bolsonaro atribuiu a derrota na eleição de 2022 à deputada federal, que sacou uma arma e perseguiu um apoiador de Lula (PT) em uma rua no bairro Jardins, região nobre da capital paulista, à véspera do segundo turno. Hoje, a parlamentar rebateu a fala, se disse entristecida e afirmou que um dia Bolsonaro vai “perceber” o que aconteceu.
Zambelli é ré por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo devido ao episódio. Seis ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) já votaram para condená-la a 5 anos e 3 meses de prisão e a perda de mandato —ou seja, já há maioria pela condenação. Contudo, o ministro Nunes Marques —magistrado indicado pelo ex-presidente— pediu vista e suspendeu o julgamento.
Eu estava em uma manifestação na Paulista em que Carla Zambelli foi muito vaiada pelo bolsonaristas e teve que sair com a ajuda de seguranças, quase que no limite da violência física.
As imagens mostram uma coisa que é inequívoca: ela vai para cima desse jornalista, com a arma em punho, pede para ele se deitar no chão e o faz pedir desculpa… então, ou seja, as imagens não sobram dúvidas. Com mais tempo ou não, ela vai acabar sendo responsabilizada por isso. Antropóloga Isabella Kalil
Bolsonaristas resgatam vídeo para ‘bombar’ ato em SP e impulsionar anistia
Grupos de direita resgataram vídeo para tentar promover o ato de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), previsto para a semana que vem na avenida Paulista, e impulsionar o PL da Anistia, apurou o repórter Felipe Pereira para o UOL News.
Há quatro dias, o Bolsonaro gravou um vídeo convocando para a manifestação [de apoiadores] no dia 6 de abril. Esse vídeo estava meio que esquecido, mas ressurgiu de ontem para hoje em vários grupos bolsonaristas, sempre ao mesmo tempo. Felipe Pereira, repórter do UOL
No início da semana, Bolsonaro gravou um vídeo no qual faz a convocação de seus apoiadores em defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Na gravação, o líder político cita o nome de Clériston Pereira da Cunha, empresário de 45 anos conhecido como “Clezão”. Ele participou da tentativa de golpe, mas foi preso e morreu na cadeia em novembro de 2023.
O vídeo ressurgiu nas redes sociais um dia depois de Bolsonaro se tornar réu por tentativa de golpe. O ex-presidente é suspeito de conspirar, organizar e estimular os atos, ocorridos após vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ex-ministro do STF: ‘Pichadora teve pena de latrocida’
O ex-ministro Marco Aurélio Mello, que atuou por 31 anos no STF, criticou a pena de 14 anos aplicada à mulher que pichou a estátua da Justiça durante as invasões golpistas de 8 de janeiro, em entrevista ao UOL News.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para condenar a cabeleireira Débora Rodrigues Santos. Ela é acusada de ter praticado pelo menos cinco crimes (veja a lista abaixo). O ministro Luiz Fux, no entanto, pediu vista e o julgamento virtual foi suspenso.
Eu gostaria de ouvir e perceber a versão do ministro Fux, que está pensando em reexaminar o problema das penas exorbitantes, como é o caso dessa moça que realmente utilizou uma arma muito sensível, que é o batom. E prestou até uma homenagem ao nosso presidente [Luís Roberto Barroso]. Ela repetiu uma frase dita por ele lá em Nova York. Marco Aurélio Mello, ex-ministro do STF
A cabeleireira foi flagrada pichando a frase “Perdeu, mané”, com batom vermelho, no monumento localizado em frente à Corte durante a mobilização de bolsonaristas, em Brasília. A expressão é a mesma dita pelo ministro Barroso, em 2022, quando foi abordado por um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro enquanto caminhava em Nova York (EUA).

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