Assim que o governador Wanderlei Barbosa tomou conhecimento do colapso da Ponte Juscelino Kubitschek (Ponte JK), no dia 22 de dezembro, determinou que o Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins deslocasse rapidamente para o local. Assim, foi criada uma operação de busca e resgate em Aguiarnópolis. A tragédia deixou 18 vítimas: uma sobreviveu, 14 já foram localizadas e tiveram os corpos entregues às famílias para sepultamento, enquanto outras três continuam desaparecidas. As buscas foram suspensas no dia de ontem, 08, devido ao aumento do nível da água no leito do rio, causado pelas aberturas dos vertedouros da barragem do Estreito, um procedimento normal de segurança para a barragem. Nesta quinta-feira, 09, mergulhadores voltaram à água logo no início da manhã, realizando novas incursões com foco na localização dos desaparecidos.
Após o desastre, o governador esteve no local, se reuniu com familiares das vítimas e com as equipes de buscas. Nesta quinta-feira, com a continuidade dos trabalhos, Wanderlei Barbosa reconheceu o árduo e valoroso trabalho desempenhado pelos experientes bombeiros militares tocantinenses, e afirmou que as ações continuarão com a garantia de segurança aos operadores.
“A equipe do Corpo de Bombeiros do Tocantins segue empenhada na Força-Tarefa, garantindo todo o suporte necessário. As ações de busca e resgate das vítimas que ainda estão desaparecidas serão realizadas com toda a segurança necessária”, destacou o governador Wanderlei Barbosa.
O Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros do Tocantins, Coronel Ornelas, esteve presente no local e acompanhou de perto as buscas, articulando esforços com as demais instituições militares, secretarias e outros órgãos. Ele continua repassando diariamente a situação ao Governador Wanderlei Barbosa, em um esforço conjunto para localizar todas as vítimas desaparecidas.
A Força-Tarefa completou 19 dias, hoje, 09 de janeiro. E boa parte da equipe do CBMTO estava nas buscas desde o dia 23 de dezembro, sem revezamento para descanso, permanecendo durante o Natal e a virada de ano, com total empenho na operação. O êxito veio logo nos primeiros mergulhos, quando algumas vítimas foram localizadas pelos tocantinenses a mais de 30 metros de profundidade.
O cenário é complexo devido à combinação de diversos fatores. A profundidade da água, aliada à presença de caminhões submersos com produtos tóxicos, veículos de passeio e os corpos das vítimas, todos em um mesmo ambiente, representa um desafio significativo. Diante dessa situação, a Marinha do Brasil, encarregada das operações, decidiu instalar equipamentos para garantir a segurança dos operadores, estabelecer estratégias adequadas e, assim, assegurar o sucesso na extração dos corpos.
“Foi a operação mais complexa da qual já participei”, afirmou o Capitão Kayo Cuevas, da Marinha. “Estar à frente de mergulhadores tão honrados e capacitados contribuiu, sobremaneira, na facilidade de conseguir chegar ao que nós chegamos”, completou Cuevas.
O tenente-coronel Rafael Menezes, comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, em Palmas, foi o primeiro a mergulhar a mais de 30 metros de profundidade em busca das vítimas. O êxito veio cerca de 20 minutos depois, com detalhes de onde estavam alguns veículos e corpos. A evolução, em seguida, culminou com as estratégias levando ao sucesso da operação.
“A sinergia entre os órgãos da Força-Tarefa é que mais fica marcado. O profissionalismo dos Corpos de Bombeiros presentes, juntamente com a Marinha, é de fundamental importância para o sucesso da ocorrência”, declarou Menezes, que, junto com os demais bombeiros, passou o Natal e o Réveillon longe da família, em respeito ao luto dos que perderam seus entes na tragédia.
A complexidade e a singularidade dessa operação no Brasil exigiram uma mobilização significativa de recursos, incluindo toneladas de equipamentos, embarcações adequadas e um muito conhecimento em operações em águas profundas. Essa experiência se revela extremamente valiosa para os bombeiros militares, integrantes da Marinha e demais membros da Força-Tarefa.
“Estamos preparados e possuímos ampla experiência no atendimento a esse tipo de ocorrência. No entanto, em termos de complexidade, esta operação se configura como um verdadeiro laboratório. Não encontramos em nossa literatura de mergulho algo semelhante no Brasil, considerando a quantidade de vítimas, a presença de produtos perigosos, o número de veículos envolvidos e a profundidade do rio em uma única ocorrência de mergulho. Diante dessa complexidade, a troca de experiências tem sido extremamente enriquecedora, e levaremos esses aprendizados para nossas vidas profissionais, para que, em futuras ocorrências dessa magnitude, estejamos ainda mais bem preparados”, destacou o tenente-coronel Menezes.
O acolhimento aos familiares das vítimas também foi um diferencial na Operação, e o tenente-coronel Donaldo Lourinho de Oliveira foi quem mais esteve junto aos parentes durante os informes da evolução dos trabalhos, por ser o Comandante do Posto de Comando montado em Aguiarnópolis. “Nessa ocorrência em particular, nós encontramos um grupo de familiares que estava em um momento de muita dor, de comoção em razão das circunstâncias. E havia uma aflição muito grande pelo início das atividades de mergulho, não havia ainda uma compreensão da complexidade dessa atividade”, explicou.
Com o passar dos dias e os mergulhos ocorrendo, veio o entendimento real da situação, inclusive para os operadores. “Essa compreensão foi acontecendo no curso do processo, e, graças a Deus, nós conseguimos tornar esse momento que foi de muita dor, em momento mais humanizado possível na relação com os familiares, buscamos atender todas as suas demandas, atenuar essa dor, diminuindo o tempo de espera na liberação dos corpos dos seus entes, e esse foi um aspecto que na nossa avaliação, diferiu nessa ocorrência em particular, das outras grandes ocorrências das quais que já participamos”, revelou o tenente-coronel Donaldo.
A Força-Tarefa, em sua primeira fase, contou o apoio também dos Corpos de Bombeiros Militares do Pará, São Paulo e Brasília, que retornaram para seus respectivos estados. O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão também vai continuar as buscas.
Continuidade
Na manhã desta quinta-feira, com a diminuição do nível do rio, os bombeiros do Tocantins retomaram os mergulhos autônomos. Simultaneamente, drones subaquáticos estão realizando operações nas áreas mais profundas do rio, no lado maranhense. Esses dispositivos realizam varreduras e, assim que identificarem algo relevante, os mergulhos realizados pela Marinha também serão reiniciados.
Nesta sexta-feira, 10, os mergulhos serão suspensos temporariamente devido à abertura dos vertedouros da barragem do Estreito, procedimento normal de segurança para a barragem.