O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu medida cautelar no habeas corpus impetrado pela defesa de Wanderlei, contra o afastamento do cargo. O governador deixou a função há três meses, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é investigado por suposta irregularidade em contratos para compra de cestas básicas na pandemia de Covid-19.
Por volta das 20h chegou ao ginásio e discursou para os presentes. Wanderlei contou que neste período de afastamento, foi para Brasília semanalmente e agradeceu aos políticos que o ajudaram nos últimos três meses.
“Ainda temos uma luta com a segunda turma. Nós respeitamos tanto a Justiça, mas esperamos confiantes e com fé em Deus que possa dar certo, para nosso estado voltar a sorrir”, disse Wanderlei.
Decisão em favor de Wanderlei
Entre os pontos que o ministro considerou sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que afastou Wanderlei estão a fragilidade das provas que ligam o político aos crimes, apresentadas pela Polícia Federal, e a falta de contemporaneidade em relação ao período dos fatos e data do cumprimento do afastamento.
“[…] não se formou quadro probatório com consistência suficiente para justificar o seu afastamento do cargo de Governador do Estado do Tocantins. De igual forma, não há contemporaneidade entre os indícios centrais envolvendo o paciente e a medida de seu afastamento do cargo, ordenada apenas em 9/10/2025, por longo período (180 dias), às vésperas de ano eleitoral”, diz trecho da decisão liminar.
Na noite desta sexta-feira, o ministro Mauro Campbell, que determinou o afastamento de Wanderlei ainda em setembro, notificou o governador em exercício, Laurez Moreira (PSD) sobre o retorno do titular ao cargo.
Wanderlei Barbosa estava acompanhado de políticos e apoiadores — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
Relembre afastamento
Na época, Wanderlei seria o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a PF, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios através de contratações ilícitas.
A Polícia Federal investiga crimes de frustração do caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.
Alvo de outra operação
A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. Isso causou embaraço às investigações, que ainda se encontram em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ.
No dia em que a operação foi deflagrada, os policiais que foram até a casa de Wanderlei cumprir os mandados encontraram as luzes acesas em um dos quartos e uma televisão ligada. O aparelho celular, segundo a polícia, apresentava sinais de ter sido “resetado”, com o sistema restaurado para as configurações de fábrica.

