Em outro momento, a menina está de joelhos, e o pastor fala sobre o gênero dela. “Jesus gritou na minha alma: ‘vai casar com homem, vai ter filhos. A partir de hoje, vai se vestir igual mulher’. Porque Jesus arranca o demônio lá de dentro agora, ô, em nome de Jesus”, disse.
Com a repercussão, o Coletivo Somos, eleito vereador em Palmas, denunciou a igreja e o pastor. José Eduardo de Azevedo, um dos integrantes do mandato coletivo, disse ao UOL que a denúncia se baseou na exposição da imagem da adolescente e na associação entre homossexualidade e possessão demoníaca.
A gente não está discutindo sobre fé, religião não se discute e cada um tem sua liberdade de culto. Mas, independentemente do lugar onde acontece uma prática que se ache como criminosa, precisa denunciar.
A divulgação amplifica o alcance de algo que não é verdade, porque não há cura para algo que não é doença. Isso pode levar as pessoas a acreditarem que os filhos delas ou elas próprias possam estar doentes, sendo que isso não é verdade.
José Eduardo de Azevedo, integrante do Coletivo Somos
Na denúncia, o coletivo diz que o episódio configura grave violação de direitos, com base na Constituição Federal, no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e no Código Penal. Eles citam que o vídeo “promove a ideia da ‘cura gay’, prática amplamente condenada por organismos nacionais e internacionais. A homofobia presente no discurso do pastor é crime, equiparada ao racismo, conforme entendimento do STF (ADO 26/2019)”.
Em nota, o MP-TO confirmou o recebimento da denúncia, via Ouvidoria, em 29 de novembro. No mesmo dia, a reclamação foi encaminhada como notícia de fato para a 15ª Promotoria de Justiça da Capital, que já instaurou um procedimento de investigação.