“Tiveram acidentes graves em Palmas e na região aqui próxima que necessitavam da presença de médicos, inclusive algumas vezes nas duas ambulâncias UTI que o Samu de Palmas dispõe. Só que em algumas ocasiões só tinha um médico no plantão e a outra ambulância fazia apenas condutas sem o médico”, relatou um enfermeiro do serviço, que preferiu não se identificar.
Em nota, a Prefeitura de Palmas informou que apesar da dificuldade em fechar as escalas de médicos, o atendimento segue regular e sem prejuízos e que está em andamento o processo para contratar novos médicos dentro do perfil técnico exigido (veja nota completa abaixo).
Um médico que também não quis revelar a identidade comentou que a falta de profissionais está comprometendo o atendimento à população. Nos últimos meses, segundo ele, as ambulâncias circularam sem socorristas durante os turnos de trabalho.
“Todos os dias no plantão no Samu são necessários três médicos, porque é um médico regulador, que atende as ligações no telefone e dois médicos para tripular as ambulâncias, porque são duas ambulâncias de suporte avançado. E o que está acontecendo atualmente é que tem dias em que está ficando somente o médico do telefone e as ambulâncias da rua sem médico. Às vezes está acontecendo de ficar somente uma ambulância com médico e outra andando sem médico”, afirmou.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Tocantins recebeu as denúncias e realizou visitas ao Samu. Foi constatado que, só em outubro, 25 plantões tiveram falta de médicos. Mesmo com as fiscalizações, segundo o CRM, a crise no Samu persistiu.
“O Conselho vem sendo notificado, recebendo denúncias de colegas, e nos últimos 12 meses os contratos médicos vêm vencendo e não estão sendo renovados. Essa situação se agravou com a falta crítica de médicos no último mês, e daí esse movimento nosso. Em outubro estivemos lá três vezes para tentar entender e cobrar efetivamente isso da prefeitura. E a coisa ainda não foi completamente solucionada”, afirmou o presidente do CRM, Eduardo Gomes.
Samu de Palmas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A TV Anhanguera teve acesso à escala de plantões. No mês de setembro, um aviso já alertava para a falta de médicos. O diretor técnico do Samu informou: “dificuldade no fechamento da escala prévia, por falta de profissional”. A partir do mês passado, o aviso deixou de aparecer na planilha.
Para evitar a paralisação do serviço, profissionais tiveram que fazer horas extras. Prática que, segundo o CRM, põe em risco a saúde e a segurança dos profissionais e dos pacientes.
“Se tratando de serviço de urgência e emergência, com atividade noturna, atividade de campo, na rua, são serviços que demandam muito fisicamente do colega. E a gente entende que esse tipo de abordagem sobrecarrega, pode levar à exaustão e até favorecer erros médicos”, completou Eduardo Gomes.
Integra da nota da Prefeitura
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (Semus), reforça que, apesar dos desafios momentâneos na composição das escalas, o atendimento à população segue regular e sem prejuízos, com acompanhamento permanente e reorganização interna das equipes para garantir a manutenção da resposta rápida às ocorrências.
A Semus informa que está em andamento o processo administrativo para a contratação de novos médicos para o serviço de atendimento móvel de urgência (Samu) e esclarece que a atuação no Samu exige um perfil técnico rigoroso previsto em legislação específica, com capacitações específicas e experiência comprovada em atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, visando à total segurança e qualidade da assistência.
O processo segue as etapas legais e administrativas exigidas pela legislação vigente, que incluem análises técnicas e jurídicas detalhadas antes da efetiva implementação das contratações, assegurando transparência e conformidade com as normas públicas.

