A 6ª edição da Corrida da Justiça da Acessibilidade e Inclusão segue comprovando que a corrida de rua é o esporte massivo que transcende gerações, culturas e, claro, condicionamento físico. Mais de 900 inscritos, 36 deles pessoas com alguma deficiência, largaram nas 13 categorias separadas por distância de percurso, entre 5 e 10 km, e gênero.
Realizada neste Dia da Justiça (8/12), a corrida promoveu a socialização e a integração de atletas amadores, profissionais ou com alguma deficiência, caso de Dailson Moraes, que fez os 5km em uma handcycle, uma bicicleta em que o piloto fica deitado e a pedivela é movida com as mãos; ou da goiana de Porangatu, Jéssica Priscila, de 24 anos, vencedora dos 5km feminino, aberto à comunidade; do velocista José Maria Almeida, de Macapá, vencedor geral uma semana após perder a Meia Maratona do Tocantins; e de Simone Lopes, que está em remissão de um câncer de mama.
Simone Lopes, de 40 anos, está sem sinal da doença há cinco anos. Ela conta que começou a praticar caminhada e pilates após as sessões de quimioterapia, para contornar as dores decorrentes do tratamento. Migrou para as corridas de rua levada pelo filho, Júlio César, ex-jogador de futebol, de 23 anos, que fez transição dos gramados para a maratona após uma lesão.
“Ele me chamava e eu não tinha ânimo. Ele ama tudo quanto é esporte, e faz de tudo pra me levar junto, para que eu não fique parada, porque é importante fazer exercício físico para quem passa por isso; porque a quimioterapia ela mata a gente nessa questão física”, disse. O filho participou da prova com a mãe.
Aos 43 anos, o velocista José Maria Almeida, radicado em Macapá(AP), sagrou-se vencedor da categoria geral, com 32min29seg, uma média de 18.51 km/h, na segunda prova disputada no Tocantins neste mês. No dia 1º/12 ele fez o segundo lugar na Meia Maratona do Tocantins. No intervalo entre as provas, o atleta do Grupo Amper Elinsa, fez um giro por dois estados vizinhos e voltou para o Tocantins, para contornar a frustração momentânea.
“Eu disputei uma meia maratona no Maranhão, depois a do Tocantins, infelizmente, por um erro que acontece, não fui o campeão geral, então fui a Goiânia, para ver minha mãe e voltei aqui para disputar esta prova, que considero muito boa, com um percurso exigente, mas fechado, o que garante a segurança e o atleta fica protegido. Felizmente fiz uma boa corrida. O percurso tinha subida, que é o que eu gosto de fazer. A organização está de parabéns”.
Dailson Silva de Moraes fez sua primeira participação como PCD. Pilotando sua handcycle, saiu satisfeito por completar o percurso e motivado a treinar para novos desafios. “Cada quilômetro é desafiador, ainda mais para minha categoria que é PCD. Eu tenho baixa mobilidade e utilizo cadeira de rodas acionada com meus membros superiores. Como não tem muita preservação de força muscular, é um desafio muito grande e, apesar de já ter treinado antes, o evento aqui me despertou, quero treinar mais e participar de algo maior”.
Servidor da Justiça Federal, cedido à Justiça Eleitoral, Marden Gomes Marinho (51 anos), participou pelo segundo ano consecutivo na modalidade PCD, para público interno. Marinho usou uma cadeira de rodas comum. Concluiu os 5km após impulsionar a cadeira de rodas por 42min42seg.
Educadora física, Eva Meneses, de 43 anos, chegou em quarto lugar entre as mulheres que disputaram 5km (comunidade), com o tempo de 22min20seg, e ficou satisfeita com o resultado. “Para chegar em 4º na geral é um trabalho de muito tempo; é um trabalho para a gente fazer todos os dias e ainda mais em um percurso difícil, mas é muito bom. E eu já conhecia, então gostei muito da prova”. Nesta categoria, Eliza Nunes foi a terceira, com o tempo de 21:27, Elivanir Paula(40) a segunda, com 20:35. A campeã é Jessica Santos (24 anos) com o tempo de 20min.
Procurador da República e praticante de corrida, ciclismo e triathlon há vários anos, Álvaro Lotufo Manzano, de 56 anos, é um dos participantes que esteve em todas as seis edições da Corrida da Justiça. “Corri bem, sem sentir nenhuma dor, e consegui atingir minha meta”, disse após cruzar a linha de chegada na terceira posição de sua categoria (50+), do público interno, após percorrer os 5km com 25:04.
Wellignton Gomes, 25 anos, é outro que conseguiu bater a meta pessoal. “Eu tenho 25 anos, vim do Pará e hoje nessa corrida a minha meta era fazer sub 26. Consegui fazer em 25 minutos e a sensação é de felicidade e superação, pois a corrida é um evento em que a gente testa o próprio limite”.
Márcia Mesquita, diretora de Gestão de Pessoas do Tribunal de Justiça, considera que a corrida superou as expectativas em relação à tranquilidade e condições para os atletas e, também, em relação ao que se espera da visão social sobre o Judiciário.
“Queremos que a sociedade perceba que não somos máquinas e que a instituição não olha apenas para a nossa produtividade, mas, também, para as questões humanas como a qualidade de vida”, explicou.
Segundo a diretora, o objetivo da corrida, com todos os órgãos parceiros e a participação da sociedade, é o fortalecimento das atividades de qualidade de vida. “Buscamos as ações relacionadas à qualidade de vida do servidor, estímulo ao autocuidado e desenvolvimento de atividades físicas que buscam melhorar a qualidade de vida do servidor. E isso é uma consequência da prática esportiva, porque o servidor fica melhor, sente-se bem, trabalha com mais informação, ele melhora sua condição de saúde e reduz os afastamentos por problemas de saúde, toda essa natureza”.