Donald Trump chegou ao tribunal no centro de Manhattan, em Nova York, em torno de 14h25, pelo horário de Brasília, desta terça-feira (4), para se apresentar à Justiça dos Estados Unidos. O ex-presidente está no escritório do procurador distrital de Manhattan, onde permanece preso e sob custódia policial antes da acusação formal.
Trump se tornará oficialmente o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais formais. A audiência deve ser rápida e rotineira, mas representa um momento surreal e histórico na história do país.
Espera-se que as impressões digitais de Trump sejam tiradas como parte da prisão, embora ainda não esteja claro se sua foto será tirada. Em seguida, ele será levado a um tribunal, onde será acusado formalmente. Não se espera que Trump seja algemado após sua prisão, pois permanecerá sob constante proteção policial.
Assessores do ex-presidente disseram à CNN que ele deve fazer uma “breve” declaração antes de entrar no prédio – deixando o restante de seus comentários para um discurso à noite, quando retornar à Flórida. Embora os assessores tenham afirmado que este é o plano, eles pontuaram que Trump pode fazer mudanças sozinho.
A audiência está marcada para 15h15, no horário de Brasília. A previsão de duração é de uma hora e quinze minutos.
O escritório do promotor distrital local está investigando o ex-presidente sobre um suposto esquema de pagamento de suborno e encobrimento envolvendo a estrela de cinema adulto Stormy Daniels durante a campanha eleitoral à Presidência de 2016.
À frente do julgamento estará o juiz interino da Suprema Corte de Nova York, Juan Merchan, que já sentenciou o confidente de Trump, Allen Weisselberg, à prisão, presidiu o julgamento de fraude fiscal das Organizações Trump e supervisionou o caso de fraude criminal do ex-conselheiro Steve Bannon.
Trump passou a manhã ao telefone com aliados republicanos, seu círculo restrito de conselheiros políticos e sua equipe jurídica, com foco cada vez maior nas acusações específicas contidas no indiciamento selado. Ele não pode avaliar completamente o caminho político ou legal a seguir até que entenda exatamente o que, especificamente, está na acusação.
Como será o dia de Trump?
Apesar de muitos dos detalhes sobre como será o dia de Trump como primeiro presidente na história dos EUA a enfrentar acusações criminais, aqui está o que sabemos até agora.
- Ida ao tribunal: O Serviço Secreto tem previsão de acompanhar Trump até o escritório do promotor distrital local de Manhattan, que é no mesmo edifício do tribunal em que a audiência acontecerá.
- Registros: Os investigadores vão fichar Trump, o que inclui colher suas digitais. Normalmente, seria tirada uma foto – a conhecida “mug shot” – mas fontes disseram à CNN que não está certo que isso acontecerá com o ex-presidente.
- A audiência: Após ser fichado, Trump passará por uma série de corredores e elevadores até o andar do tribunal. Ele então passará pelo corredor do tribunal. Não há expectativa de que ele estará algemado.
- A acusação formal: Trump se apresentará à Justiça dos EUA, onde as acusações formais contra ele serão reveladas e ele as responderá. Após as acusações, Trump quase certamente sairá de lá sem pagamento de fiança [“own recognizance”, quando o réu é solto com a promessa de comparecer ao tribunal novamente quando solicitado a fazê-lo]. É possível, porém improvável, que sejam impostas condições para viagens de Trump.
- Saída do tribunal: Ao final da audiência, Trump deve caminhar novamente pelos corredores do tribunal até o escritório do promotor distrital, onde seu comboio estará o esperando.
- De volta a Mar-a-Lago: Trump então irá para o aeroporto e voará para a Flórida, onde retornará a Mar-a-Lago. A expectativa é de que ele fará um discurso público à noite sobre as acusações que enfrenta.
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Transmissão ao vivo não foi autorizada
Os meios de comunicação não terão permissão para transmitir as acusações formais contra o ex-presidente, mas um juiz permitiu que alguns fotógrafos tirem fotos no tribunal antes do início formal do processo.
O juiz Juan Merchan rejeitou o pedido de várias organizações de mídia, incluindo a CNN, para transmitir os procedimentos históricos.
A acusação formal de Trump – como a maioria das acusações no tribunal de Manhattan – é um processo público, mas as emissoras geralmente não têm permissão para transmitir de dentro do tribunal.
No entanto, o juiz permitiu que cinco fotógrafos tirem fotos no início do processo “até o momento em que forem instruídos a desocupar o banco do júri pelos funcionários do tribunal”.
O cinegrafista de Donald Trump viajou com ele da Flórida a Nova York para documentar os bastidores do ex-presidente aparecendo diante do tribunal, de acordo com duas fontes familiarizadas com os planos, indicando ainda que a equipe de Trump planeja usar isso para sua vantagem política.
Espera-se que o cinegrafista o siga até o tribunal, mas não está claro o que ele poderá filmar, dadas as restrições do tribunal.
Equipe de Trump prevê estratégia agressiva
Nesta segunda, a equipe jurídica de Trump deu uma prévia de uma defesa robusta que se desenrolará em um cenário de campanha política furiosa. Seus principais partidários estão tentando usar o poder da nova maioria do Partido Republicano para tentar interferir na acusação.
Em entrevista ao programa “State of the Union” da CNN, o advogado de Trump, Joe Tacopina, disse que a equipe do ex-presidente declararia em alto e bom som que ele não é culpado e sinalizou uma tentativa de tentar impedir que o caso chegasse a julgamento.
Enquanto os críticos de Trump celebraram a acusação como um sinal de que ninguém está acima da lei, Tacopina argumentou que o ex-presidente estava recebendo um tratamento pior do que um cidadão comum por causa de sua fama e aspirações políticas.
Em entrevista à ABC nesta terça-feira (4), Tacopina afirmou: “Uma coisa que posso garantir é que não haverá confissão de culpa neste caso”.
“Eu não acho que este caso vai ver um júri. Acho que vai desaparecer nos papéis [ser resolvido em acordo]”, acrescentou.
Em termos de outras limitações impostas a Trump, Tacopina disse: “Não há indicação de que haverá uma ordem de silêncio [“gag order”, em inglês. Determinação do juiz restringindo comentários públicos sobre o caso]. Isso não pode acontecer neste caso.”
(Publicado por Léo Lopes)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Trump chega ao tribunal para audiência judicial nos EUA; acompanhe ao vivo no site CNN Brasil.